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Foto do escritorCamila Zanardini

Ponta Grossa e as marcas ferroviárias apagadas pelo presente

32% dos pontagrossenses consideram a ferrovia como maior momento histórico da cidade de Ponta Grossa, segundo a tese de Leonel Brizolla.

Bilheteria oficial da Estação Saudades. Foto: Arquivo pessoal


Em 1989 quando a Rede RFFSA foi privatizada o prefeito Pedro Wosgrau Filho, declarou que a cidade precisava desenvolver, porque a linha férrea era um atraso no desenvolvimento da cidade de Ponta Grossa. E por isso, ordenou que fosse retirada todas as linhas do trem que passavam pelo centro da cidade. Atitude esta, que desconstruiu o sentido da unidade entre os prédios que pertenciam a linha férrea.


Segundo uma pesquisa realizada na tese do professor Leonel Brizolla Monastiski , foi perguntado aos entrevistados que residiam em Ponta Grossa qual era a época mais importante para 32% responderam que é a ferrovia, porém as gerações mais novas em sua maioria não tem essa compreensão justamente pela descaraterização da história da ferrovia em Ponta Grossa.

Segundo o professor Leonel, o centro ferroviário ao retirarem os trilho de ferro, foi descaracterizado e hoje a história local também da mesma forma vêm sendo apagada.


Muitos são os pontagrossenses que possuem carinho e respeito pela época da ferrovia na cidade, Um conjunto de memórias, que está não só na preservação da arquitetura dos prédios da época como o Antigo Hospital 26 de Outubro, mas também está nas lembranças materializada pelos objetos, que ferroviários e familiares guardam para recordar da época, uma forma de preservar tudo quanto viveram no período dos trilhos de ferro.


E aos poucos as recordações da história da ferrovia têm se apagado, mas há algumas pessoas que vivenciaram a presença da fumaça e o do barulho do trem, que escolheram preservar isso através da materialidade. José Francisco Pavilec é um exemplo disso, desde pequeno acordava com ao som da buzina do trem, que passava bem ao lado da sua casa. Ele decidiu fazer desta época uma lembrança presente em todos os dias da sua vida. O bancário aposentado, é filho do ferroviário Enedino Antônio, gerente da Cooperativa Mista 26 de Outubro e possui uma das coleções mais variadas de artigos com a imagem de trens e uma coleção exuberante de miniaturas de trens de várias categorias e modelos.


São milhares de objetos espalhados por todo o seu apartamento, sim toda a coleção de Pavilec fica dentro de seu próprio apartamento. Ele chama de 'museu particular de ferromodelismo'. Desde que se aposentou, Pavilec viaja para os países que fazem viagens por meio dos trilhos, visitou diversos países como Alemanha, China e se dedica a conhecer todos os modelos de trens que existiram e atualmente existem no Brasil e no mundo.


Pavilec, diariamente liga sua playlist de sons de trens e assim fica em casa fazendo seus afazeres e ouvindo o barulho que está tão acostumando, o do trem. Segundo Pavilec o museu é uma realização pessoal, que o permite expressar seu amor pelos trens.


Nesta plataforma você pode conferir também as fotos de parte do museu no menu - álbum de fotografia na coluna museu de ferromodelismo e ter acesso completo da coleção de Pavilec.


Assim como Pavilec, há outros pontagrossenses que lutam pela preservação do patrimônio ferroviário dentre eles está a professora Márcia Dropa, que no final do ano passado publicou uma mensagem em sua rede social lamentando que havia possibilidade do prédio do '26' ser vendido e que virou polêmica entre a ponto do próprio Prefeito Marcelo Rangel se manifestar comentando a publicação. Segundo a professora Márcia a publicação foi baseada em um boato, que surgiu a respeito de vender o prédio do '26'.

Falar do Hospital '26' é mexer diretamente com as memórias coletivas e individuais de muitos cidadãos de Ponta Grossa. Para a professora Márcia o Antigo Hospital 26 de Outubro é um exemplo de memória que merece ser preservada e por isso ela luta pela preservação do prédio.



Atualmente a história da ferrovia não tem sido tratada com relevância em Ponta Grossa devido a falta de políticas públicas. Um exemplo disso é não ter nenhuma referência da história da ferrovia dentro do único museu de Ponta Grossa, o 'Museu dos Campos Gerais'. Segundo o geógrafo Leonel Brizolla há possibilidades de fomentar o turismo da cidade por meio do complexo ferroviário ligando os quatro prédios da época da ferrovia.


foto: Arquivo APPAC.


Como forma de representar um pouco sobre a história da ferrovia, o SESC (Serviço Social do Comércio) que está com a concessão do prédio da Estação Saudades vai construir uma sala de memória a ferrovia. Vemos assim o início de um reconhecimento da memória da ferrovia, porém apenas depois de 30 anos, que a ferrovia foi desativada do centro da cidade.






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